Pensa:Mentos, the freshmaker

O pessoal anda todo maradão. Uns não têm emprego. Outros andam nas escolas a fazer turismo, pensando que isto do desemprego de muitos dos seus pais é uma epidemia que passa com uma vacina.
A malta que vai para os lares porque já ultrapassaram a data de validade são esquecidos e maltratados.
A malta que tem saúde dedica-se a estragá-la com todo o tipo de maluqueiras.
A malta que não tem saúde anda de farmácia em hospital, queixando-se ou pedindo apoios.
Os putos já mandam nos pais porque os pais ficaram traumatizados com a educação que receberam.
Depois há uns malucos, que já não andam na escola mas que se dedicam exclusivamente a gastar o dinheiro dos pais ou a fazer porcaria para ganhar dinheiro.

Por fim, acredito que apareça uma vacina que cure isto tudo, e um dia o HOMEM seja um ser evoluído, como se diz.

sábado, 29 de março de 2008

Lisboa é um "mundo anónimo"... não foi assim que começou a conversa mas foi isto que me ficou dela por entre as palavras que não consegui entender devido à sua pronuncia beirã e fortemente arraiana.
"Para quem vem para Lisboa sózinho e não tem um grupo sente-se perdido no mundo. Nas aldeias as pessoas conhecem-se, falam nos cafés, tratam-se pelos nomes. Em Lisboa não: ninguém na rua te vai tratar pelo teu nome, Lisboa é um mundo anónimo. As pessoas não se conhecem."
E a bem ver, em Lisboa as pessoas não se conhecem e nem se querem dar a conhecer. A agitação das ruas esconde as pessoas. Raramente se vê convivio entre os transeuntes e em muitas das vezes são pessoas que não regulam muito bem da cabeça e metem conversa para falar do Benfica.
Ontem na TV, satirizaram o governo, dizendo indirectamente que este poderia mexer em todos os pilares da sociedade: na saude, na educação, na justiça ou mesmo na defesa. Só havia um pilar da sociedade que não poderia ser abalado: o Benfica. E não é que a sátira até faz sentido?

Mas voltando ao meu "amigo" arraiano, ao qual eu acenava manifestamente que sim às coisas que ele falava e eu não percebia, e que misturadas com os ruídos aparatosos de um autocarro em fuga para encontrar a sua última paragem, construiam a nossa conversa.
Esse meu "amigo" (ou conhecido, atendendo ao escasso tempo a que já o tinha conhecido) falava da saudade da sua terra, da sua infancia, das suas histórias, da neve e da alegria que esta traz, e da neve e das tristezas que esta traz.
Falou-me indirectamente entre linhas da pobreza da sua infância e daquilo que o interior português viveu durante anos, e que hoje já não vive porque a agricultura é a arte de empobrecer alegremente; e porque os animais e as culturas sofreram evoluções técnicas tão rápidas que a ligeira corrente de água que passa nos rego não conseguiu acompanhar.
A neve, para quem não a vive uma temporada inteira na pele, é um grande inimigo: "o gado comia os fenos e as forragens guardadas durante 2 e 3 semanas e por vezes as pessoas levavam as mãos à cabeça porque já não havia que comer." Os chãos ficavam cobertos e era impossível às ovelhas, às vacas ou às cabras rapar o que quer que fosse do chão.
Conta o meu avô, que é duma latitude e altitude mais baixas que o arraiano, que o gado descia a serra no inverno e pastava os lameiros e prados do sopé da montanha e que no verão, quando tudo secava nos terrenos que outrora alimentaram o gado serrano, rebanhos enormes romavam à serra repleta de verde, numa fusão de pequenos rebanhos de uma dimensão que não consigo imaginar.

E isto tudo porque? Porque no meio da 2ª Circular, num "Carris" articulado que parece uma bailarina aos pulos, rodeada de gente anónima, distante e presentemente ausente, falar de rebanhos, de serras e de neve faz-me sair daqui e sentir alegria e orgulho da minha identidade.

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